Em 20 e 21 de Novembro de 1971 quinze mil espectadores assistiram ao primeiro Festival de Jazz de Cascais. Para a grande maioria deles, o Jazz nasceu aí. Se o Hot Club já existia desde o final dos anos 40, a verdade é que ele era um clube fechado a uma reduzida elite. E não será despiciendo dizer que, sem o Cascais Jazz, o Hot Club teria há muito desaparecido ou ter-se-ia tornado irrelevante, como aconteceu à maior parte dos históricos clubes de Jazz de todo o mundo. Já existiam programas de rádio, é certo, de Villas Boas desde os anos 40, e de José Duarte desde os anos 60, e na televisão, com Manuel Jorge Veloso, mas o Jazz persistia uma música exótica. O Cascais Jazz veio mudar tudo. Em dois dias quinze mil espectadores (entre os quais Zeca Afonso, Fernando Tordo, Alexandre O'Neil, Manuel de Lima, José Jorge Letria, Amália Rodrigues, Jorge Peixinho, Adriano Correia de Oliveira ou Francisco Balsemão) viram desfilar perante si 30 anos da História do Jazz, e o nome dos protagonistas diz tudo: Miles Davis, Ornette Coleman, Dexter Gordon, Phill Woods, os Giants of Jazz (de Dizzie Gillespie a Art Blakey e Thelonious Monk) e os portugueses The Bridge. Em 1971 o Jazz tornou-se popular, e há toda uma geração de músicos que nasceu desse evento e dos que lhe sucederam, directa ou indirectamente. Citando José Duarte, do ponto de vista do jazz… Portugal foi fundado em 20 de Novembro de 1971, em Cascais…* Será verdade que Portugal vivia um momento particular e vários factores se conjugaram para o sucesso do Cascais Jazz mas, ainda assim, o mérito de Luís Villas Boas é incomensurável; a sua paixão, a sua militância, o seu espírito visionário. Comemorar os 50 anos do Cascais Jazz é verdadeiramente comemorar o Jazz em Portugal e celebrar Luís Villas Boas. Porque há dois momentos para a História do Jazz em Portugal: a fundação do Hot Club nos anos 40 e o Cascais Jazz de 1971. E notemos que, não por acaso, ambos tiveram como protagonista Luís Villas Boas. Ao longo do mês de Novembro irei publicar em JazzLogical o que a propósito do Cascais Jazz escreveram e disseram Luis Villas Boas, José Duarte, José Jorge Letria, Maria Lamas, Manuel Jorge Veloso, Raul Calado, Manuel de Lima, Dinis de Abreu, Raul Vaz Bernardo, Tito Lívio, Fernando Cordeiro, Jorge Lima Barreto, e muitos outros - as notícias, as opiniões, as críticas e as histórias; qual o impacto do Cascais Jazz nos media (no Diário de Notícias, em A Capital, no Diário de Lisboa, no República, no Mundo da Canção, na RTP, etc …); o que foi o Cascais Jazz musicalmente, mas também como acontecimento cultural, social e político. * “Festivais de Jazz: o ano da abundância”, Março 1990 in José Duarte, Cinco Minutos de Jazz. |
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(Nuno Calvet)
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O Cascais Jazz de 1971 n'A Capital O Cascais Jazz de 1971 no República |
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